terça-feira, fevereiro 01, 2005

Wolverine #1


Panini Comics - Janeiro, 2005

A Panini finalmente lança Wolverine, a revista mensal do personagem mais popular e onipresente dos X-Men. Sob o pretexto de publicar "a elogiada fase de Greg Rucka", como vem sendo anunciado há meses, a editora faz uma jogada de marketing bem pensada, matando uma de suas revistas de pior vendagem, Arma X, e reunindo suas sobras (as séries Mística e Arma X) numa revista que certamente irá ter maior apelo popular. Tenho que confessar que não acompanhava Arma X, logo não fazia idéia do que esperar de Arma X e Mística. Aliás, nem de Wolverine. Tendo isso em mente, não posso dizer que me decepcionei.

Nessa primeira edição nacional, a Painini juntou os dois primeiros números da série americana de Wolverine, o que ajudou a ter uma opinião mais embasada dessa nova fase do herói.

Wolverine (Wolverine #1 – Jul/2003)
Roteiro: Greg Rucka
Arte: Darick Robertson

Eu não acompanhava as histórias do Wolverine em X-Men, da Panini, então não faço idéia em que pé estava, mas não vai fazer diferença. A cronologia de Wolverine foi "zerada" nos EUA mais para enfatizar uma mudança de equipe criativa do que por qualquer outra coisa. Eles gostam de fazer isso de vez em quando também para especular com os colecionadores. Todo mundo gosta de dizer que tem o número 1 de uma série qualquer.

Minha visão do Wolverine como personagem é neutra. Me parece um personagem que foi esvaziado nos últimos anos, completamente privado de suas características originais. No entanto, ainda tem muito potencial quanto a seu passado muito visitado, mas pouco explorado pelos seus roteiristas. Prova cabal disso são as minis Origem, de Paul Jenkins e Andy Kubert; e Arma X, de Barry Windsor-Smith, esta uma das minhas histórias favoritas da Marvel, apesar do final um pouco decepcionante.

A primeira surpresa de Wolverine #1 é a arte de Darick Robertson já na primeira página, mostrando o personagem bem mais baixo e troncudo do que vinha sendo feito ultimamente (inclusive com a versão Hugh Jackman no cinema). O Wolverine de Robertson me parece muito mais fiel à concepção original do que muitos gostariam que fosse. A arte é muito boa, e foi o que me manteve interessado durante as primeiras páginas, enquanto a história ainda não tinha engrenado.

A história é contada do ponto de vista de Lucy, uma garçonete que passa toda essa edição observando Wolverine e imaginando se ele seria como ela pensava, e se poderia ajudá-la quando a hora chegasse.

Não há um enredo propriamente dito nessa edição, mas isso não importa. Rucka e Robertson estão claramente ambientando o leitor na sua visão do Wolverine e dando o tom da história. Ela será sombria, sangrenta, e alguém vai pagar caro pelo que fez.

Achei particularmente curioso como Rucka nos diz coisas sobre o Wolverine que nunca imaginamos. Ele é uma traça de livros, e dos mais ecléticos. Nesta edição devora Thoreau, Poe, Chomsky e, é claro, Greg Rucka. Uma peculiaridade que me provocou um discreto sorriso e a impressão de que essa série poderá ser das mais interessantes da carreira do velho canadense.
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Wolverine (Wolverine #2 – Ago/2003)
Roteiro: Greg Rucka
Arte: Darick Robertson

A primeira página da revista mostra a versão de Rucka e Robertson de uma das peculiaridades que mais deu o que falar nos fóruns de fãs pela Internet: como funciona o fator de cura de Wolverine caso ele leve um tiro? A celeuma foi criada pela cena de X-Men 2 em que, após atingir o Wolverine na cabeça, a bala é repelida pelo seu corpo, que se regenera imediatamente. Aqui temos uma versão muitíssimo mais interessante e (por quê não?) realista: o tecido se regenera em volta da bala, que é extraída "manualmente" pelo velho carcaju. Mais uma grande sacada de Rucka e Robertson.

Nesta edição Wolverine inicia a investigação da morte de Lucy Braddock, a garçonete que sabia que algo muito ruim iria acontecer e o deixou uma carta de adeus em que a única coisa que pedia era que ele não a esquecesse. Essa investigação vai levá-lo ao mundo da venda e tráfico de armas, que é um assunto quente nos EUA. A cena da convenção de negociantes de armas é ricamente ilustrada, nos dando uma ambientação perfeita para o desenrolar na história. É possível ver todo tipo de figura que se esperaria num lugar desse, e é impossível não perceber (tanto pelos desenhos como pelos diálogos) de que lado estão Rucka e Robertson no debate sobre o porte de armas.

A palavra final é que este início da fase de Rucka com o Wolverine superou de longe minhas expectativas, bastante baixas para um personagem tão deturpado e mal utilizado ao longo dos anos. Até aqui é uma bela obra.
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Arma X (Weapon X #14 – Dez/2003)
Roteiro: Frank Tieri
Desenhos: Paul Leon
Arte-final: Tommy Lee Edwards
Cores: Tom Breevort

Como já avisei anteriormente, não estou seguindo a cronologia de Arma X, mas já que comprei a revista e li a história, resolvi fazer uma pequena resenha.

Em uma linha: não é medonho.

Elaborando um pouco mais, eu jamais pensei que seria capaz de ler até o fim uma história de Arma X, mas para minha surpresa, eu consegui. Talvez a explicação seja que este é um número atípico. Ele se passa em 1944, e mostra o Sr. Sinistro como um cientista que salva prisioneiros de campos de concentração para usá-los em seus experimentos, numa bizarra mistura de Schindler e Mengele.

O que o Sr. Sinistro está fazendo numa história da Arma X, eu não faço idéia. A coluna Anteriormente me diz que ele está interessado em criar uma espécie superior por meio de manipulação genética, então precisa de um suprimento constante de cobaias mutantes. Mutantes esses que são seres de uma espécie superior criada por mutações genéticas. Sacou a lógica?

Bom, não vou me alongar aqui porque nem tenho base para criticar o enredo da série. Essa história em particular é bem razoável, em especial pela arte, que deu um ar de agravamento sem dúvida importante para o estabelecimento de um ambiente minimamente dramático para a ação.
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Mística (Mystique X #11 – Abr/2004)
Roteiro: Brian K. Vaughan
Desenhos: Manuel Garcia
Arte-final: Raul Fernández
Cores: Mattt Milla

Assim como Arma X (a série), eu também ignoro completamente o estágio cronológico em que se encontra Mística, simplesmente porque Arma X (a defunta revista) tinha um mix muito bizarro para o meu gosto. Mas pelo menos eu estava curioso para ler a Mística de Vaughan, série de que já tinha ouvido falado bem.

Aqui eu não diria que minhas expectativas foram superadas, mas ao menos não me decepcionei. A premissa me parece interessante: Mística foi "recrutada" por Xavier para fazer seu trabalho sujo. Mas ele tem algum...?

Essa edição não lida com o complicado enredo de espionagem e contra-espionagem que o editor Fernando Lopes descreve na seção de cartas, se resumindo a ser uma história de ação. Mística e Forge recebem a missão de encontrar um garotinho mutante que foi seqüestrado. A partir daí acontecem boas surpresas, e a história flui num ritmo bem agradável.

A arte de Manuel Garcia e Raul Fernández é boa e se encaixa muito bem na história, especialmente nas cenas de ação, em que consegue passar a sensação de movimento e fluidez com muita competência.

Sem entrar no mérito do enredo principal, que como eu disse, não deu as caras por aqui, essa história é um bom passa-tempo confiando apenas numa boa história, sem ser pretensioso ou arrogante. Melhor que a maioria dos “títulos X” que andam sendo publicados por aqui.

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