sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Wolverine: Snikt!


Panini Comics - Janeiro(#1) e Fevereiro(#2) 2005

Roteiro e Desenhos: Tsutomu Nihei

Como se não bastasse aparecer em todas as revistas X publicadas mensalmente, Wolverine é o personagem que mais vemos estrelando mini-séries e especiais publicadas pela Panini. Aqui está ele em mais uma, publicada em 2 edições (foram 5 no original).

Snikt! foi uma mini muito comentada por ser mais uma tentativa desesperada da Marvel de lucrar com a popularidade dos mangás. A idéia foi criar um mangá com o personagem mais popular da editora, buscando o óbvio: o crescente público de mangás e o perene público do Wolverine. A missão de fazer um casamento tão improvável coube a Tsutomu Nihei, um autor que desconheço, certamente por eu não estar tão ligado no mundo dos mangás.

A premissa é a mais velha possível. Wolverine está calmamente cuidando de sua vida quando uma menina o aborda pedindo que ajude a salvar seu mundo. Antes que possa perguntar porquê, ele é transportado para um mundo dominado por seres malignos conhecidos como Donatários, e os poucos humanos sobreviventes fazem o possível para... hã... sobreviver.

O que se segue é uma quantidade enorme de clichês e lugares-comuns num roteiro extremamente ruim. Tão ruim que a sua previsibilidade é o que menos incomoda. Li as duas edições de uma vez, uma após a outra, e não gastei mais que meia hora. A explicação de porquê Wolverine é o único que pode salvar o mundo é, no mínimo, forçada.

A arte de Nihei, por outro lado, é mais que inspirada. Com certeza alguns fãs do Wolverine vão dizer (com razão) de que o personagem está totalmente diferente da concepção tradicional, mas essa é a maior sacada de Nihei. Neste sentido, ele recriou Wolverine. As cenas de ação são particularmente boas, como se espera de um bom mangá cyberpunk. Sem dúvida um trabalho de primeira, mas às vezes prejudicado pelas cores. Em alguns quadros a cor simplesmente não se encaixa, e fica claro que Nihei não participou do processo de colorização, diferente de Akira, em que Katsuhiro Otomo participou ativamente da colorização feita por Steve Oliff. O resultado é visível. Mas é tão injusto comparar Snikt! a Akira (assim como a qualquer trabalho de qualidade) que tive que me conter para não apagar a última frase. Acho que é uma observação válida.

No fim das contas, Snikt! é totalmente descartável, exceto pela arte. Isso é suficiente para se gastarem R$13,00, nessas duas edições? Depende do gosto de cada um. Eu acho que sim. Pense que está comprando um sketchbook de Tsutomu Nihei, esqueça a trama ridícula e divirta-se.

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