quinta-feira, dezembro 07, 2006

O fim de uma era

Então é isso. Fim de papo. A Panini resolveu encerrar a publicação de Demolidor no número 35. Vendas abaixo da expectativa foram o fiel da balança, como sempre.

Isso não era difícil de prever. A revista apelava para um nicho muito restrito de fãs do Demolidor e Justiceiro, dois personagens de segunda linha que dificilmente têm fôlego para carregar um mix nas costas. Juntos ainda conseguiam, com Brian Bendis e Garth Ennis inspirados, mesmo com a hedionda Elektra de Robert Rodi, que assombrou o mix até o número 13. Assombração que ainda durou mais 6 números com a publicação da interminável, enfadonha e desnecessária mini do Tentáculo, de Akira Yoshida.

A revista teve sua melhor fase do número 20 ao 23, com o arco Inferno Irlandês, que marcou o início da série MAX do Justiceiro; e a mini Mercenário, de Daniel Way e Steve Dillon que, embora sem grandes arroubos de criatividade, fizeram bem feito o que se propuseram. Bendis e Maleev, embora claramente passado o auge das grandes idéias, mantinham a série do Demolidor em alto nível, com o arco Era de Ouro.

A coisa começou a degringolar de vez a partir do número 24, com a mini Demolidor vs. Justiceiro - Meios e Fins, de David Lapham. Lapham, responsável pela excelente Balas Perdidas, erra na mão feio, criando uma história sem a menor inspiração, totalmente desinteressante. E o pior, longa. Foram 6 partes que, de tão desnecessárias, levaram um crítico do Universo HQ a descrever a série como antiecológica.

No número 29 a Panini chuta o balde e lança uma edição do Demolidor sem a série-título do mix, que dá lugar a Pantera Negra, de Reginald Hudlin e John Romita Jr. Quem teve a brilhante idéia de trazer um personagem de terceira linha para compor um mix já problemático merece aplausos e o Troféu Anta do Mês. De longe a pior edição da série, traz ainda a conclusão de Demolidor vs. Justiceiro - Meios e Fins. A única história que se salva é a continuação de Mãe Rússia, segundo arco de Justiceiro MAX, por Garth Ennis e Dougie Braithwaite.

No número 30 o Demolidor estava de volta, iniciando o arco Decálogo, que parte de uma idéia bem interessante, mostrando moradores diversos da Cozinha do Inferno reunidos numa espécie de grupo de auto-ajuda onde conversam sobre a queda de Wilson Fisk e a "nova direção" do bairro nas mãos do Demolidor. O "novo" mix, que se manteve na edição 31 ainda incluía o Justiceiro MAX e o péssimo Pantera Negra.

A partir do número 32, a revista volta a ter um mix terrível. Sem um substituto à altura para Justiceiro MAX, limado sem maiores explicações, Demolidor passou a ter 2 histórias do Pantera Negra e 1 do Demolidor, numa linha editorial inexplicável até agora. Está claro que a decisão de cancelar a revista já tinha sido tomada, e os editores estavam desesperadamente tentando terminar o primeiro arco de Pantera Negra a tempo de enfiar um tie-in da Dinastia M, o que fizeram na edição 34.

Ainda não li Demolidor 35, mas ao que parece contém o último arco da dupla Bendis / Maleev, que colocaram o Demolidor de volta nos holofotes e produziram as melhores histórias do herói depois da fase clássica de Frank Miller. Sinceramente? Um jeito honesto de terminar o negócio. Quando eu ler, posto aqui minhas impressões.

No mais, meus agradecimentos à Panini que, apesar de todas as merdas que fizeram, conseguiram manter "no ar" essa revista tão improvável por 3 anos.



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