sábado, dezembro 09, 2006

Astonishing X-Men é tão bom assim?


Joss Whedon imita Warren Ellis. Mas Joss Whedon é melhor que Warren Ellis.


Assim começa a coluna de Érico Assis dessa semana no Omelete. Em geral eu gosto da coluna, bem informativa e direto ao ponto (de uma forma que eu não consigo fazer). Érico Assis provavelmente gosta de quadrinhos como eu e provavelmente conhece quadrinhos melhor que eu. Mas a frase em questão é tão absurda que merece um comentário.

Antes de me ater à questão Whedon x Ellis, vamos ao cerne do problema: Astonishing X-Men é tão bom assim? Minha resposta: não.

Eu estou de saco cheio de críticos babando o ovo de Astonishing X-Men (no Brasil Surpreendentes X-Men, publicado pela Panini na revista X-Men Extra). O argumento é sempre de que é a melhor série dos X-Men dos últimos tempos. Eu não concordo. A não ser que “últimos tempos” signifique “a partir de 2003”. Porque, apesar dos altos e baixos, New X-Men, de Grant Morrison, foi excelente. Morrison encarou o desafio de escrever o título principal dos X-Men, ditando as regras e direcionando todos os outros títulos. Isso não acontece com Astonishing.

Whedon basicamente anda em círculos. Revisita antigos temas dos X-Men sem muita inspiração. É uma boa série, com bons diálogos, mas que não é mais que o “basicão”, como diria aquela propaganda. Astonishing é o X-Men “basicão” bem feito. E tem desenhos de John Cassaday.

Minha conclusão é que o clamor da “crítica especializada” por Astonishing vem da aposta no “mais do mesmo”. Fãs de X-Men tendem a ser exageradamente conservadores. Muitos detestaram New X-Men, a ponto da Marvel criar um “evento” (Reload, uma ode à nostalgia) para desfazer boa parte da continuidade ao final da série. É uma coisa tipo "Ei, estes são os MEUS X-Men, e não gosto que mexam com eles". Whedon trouxe exatamente o que os fãs queriam. Uma série segura, sem grandes viradas, sem grandes revelações, sem grandes idéias. Apenas boas histórias, com bons diálogos e bons desenhos dos bons e velhos X-Men que eles amam. Taí. Prato cheio.

Agora, voltando à infeliz frase de Érico Assis. Whedon é melhor que Ellis? Não. Em nenhuma hipótese. Ellis certamente é um autor muito mais instável que Whedon. Lógico, Whedon publica um roteiro a cada dois ou três meses, sem a necessidade de criar muito mais que uma premissa minimamente razoável e bons diálogos. Ellis não só publicou centenas de roteiros, como criou várias séries, incluindo duas obras-primas (The Authority e Planetary) sempre trazendo idéias e conceitos inovadores, embora não para todos os gostos (DV8, Transmetropolitan, Global Frequency, Desolation Jones).

Resumo:

Dizer que Astonishing X-Men é a melhor série dos X-Men dos últimos tempos: Questionável.

Comparar Whedon a Ellis: Errado.

Dizer que Whedon é melhor que Ellis: Absurdo.

Dizer que o roteiro de Reginald Hudlin em Quem é o Pantera Negra (Who Is The Black Panther) é ótimo: Atroz.
(Nada a ver com o tema em questão, é verdade)

Gosto é gosto. Fazer o quê?

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